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16 de abr. de 2025

Escoteiro Ciclista Chileno visita os Caetés

No dia 14 de abril de 2025, chegou na cidade de São Luiz Gonzaga, um ciclista escoteiro com seu cachorrinho. Marcelo Segundo Agüero González, faz parte do Grupo Escoteiro Indígena Cruz Del Sur na cidade de Puerto Aysén no Chile, porém não na cidade, mas nas montanhas em uma tribo em meio às cordilheiras. Aqui abro um parêntese (fui informado que serei bem recebido por lá, que poderei ficar semanas em sua casa e serei tratado da melhor maneira possível). Seu povo é uma tribo indígena da etnia mapuche, povo antigo que tem uma grande conexão com a natureza e a vida. Marcelo, não vive na cidade em si, sua casa se localiza em uma ilha chamada Melinka, que fica a 4 horas da cidade de barco no meio do mar.

Chefe Marcelo e o Cachorrinho Balu
Logo que chegou, Marcelo dirigiu-se a rádio, onde encontrou o chefe Coca, que o orientou a falar com a chefe Cláudia, presidente do grupo. Chefe Cláudia junto da chefe Nani, arrumaram almoço e encaminharam o chefe Marcelo a Sede do Grupo Escoteiro Caetés, onde ele e seu cachorrinho Balu puderam descansar, se alimentar, utilizar banheiros e preparar local de acampamento, já que Marcelo leva sua barraca para acampar nos lugares por onde passa.

Ciudad de Puerto Aysén - Chile
Marcelo conta que está a 294 dias na estrada andou cerca de 3.161km, saiu do Chile, percorreu a Argentina, até passar em Uruguaiana, onde entrou no país, logo após, passou por Itaqui e São Borja, onde pernoitou em um Posto de Combustíveis. Saindo cedo com destino a São Luiz Gonzaga. Em meio deste caminho, Marcelo sentiu sede e entrou em uma fazenda onde conseguiu água. Ainda no caminho ganhou carona de um caminhoneiro que o deixou na cidade de São Luiz Gonzaga.

O objetivo do Chefe de Tropa Escoteira Marcelo é chegar a Manaus-AM, onde pretende participar, daqui a um ano, de um encontro de escoteiros independentes. Uma longa viagem, repleta de acontecimentos. Nos contou também que em meio a este caminho, sofreu um acidente com um veículo na Argentina e na queda perdeu suas contas da Insígnia de Madeira.

Profissional Perito Florence, Marcelo, em sua cidade é uma pessoa com condições, porém o objetivo da viagem é se virar como pode em cada lugar que passa. Ele procura por cidades em que ajam grupos escoteiros e entra em contato para conseguir alimentação e local de pernoite. Seu cachorrinho o Balu, tem um ano e dois meses e está acostumado a rotina, ele usa óculos e tênis de dia, e dorme cedo à noite. Atualmente vem viajando em uma caixa adaptada na bicicleta, pois o reboque construído especialmente para ele foi roubado, juntamente com equipamentos, câmera fotográfica e GPS.

Marcelo conta que em alguns locais da viagem sofreu preconceito por ser indígena, mesmo em meio a grupos escoteiros mais “tradicionais” ocorreu certo desdém ao pedir apoio, mas também conheceu muita gente hospitaleira e acolhedora, grupos escoteiros que o receberam de braços abertos. É uma longa jornada de mais de quatro mil quilômetros de São Luiz Gonzaga até Manaus, mas ele segue confiante. Depois de descansar por dois dias com os Caetés, seguirá a Santo Ângelo, onde já está combinado com o Grupo Escoteiro Medianeira, logo depois, irá a Ijuí, onde será acolhido pelo Grupo Ijuí e Velho Lobo, para por fim chegar a Panambi, onde a chefe Patrícia, atual Comissária Distrital e representante do Grupo Escoteiro Gustav Kuhlmann, organizará a acolhida. Após sair de Panambi, seguirá para o norte, passando por Condor e saindo do estado, sempre em busca de Grupos Escoteiros.

Bandeira do Povo Mapuche e seu Lenço Escoteiro

Ele usa seu lenço, cujas cores, segundo ele representam seu lar. O verde a natureza, o azul do céu, o branco da Cordilheira dos Andes e o vermelho do sangue dos seus ancestrais, derramado em muitos combates para proteger sua terra. Seu lenço está sujo da viagem, mas ele não o lava, diz que há uma mística em seu grupo, de que um lenço escoteiro deve ser apenas lavado em um rio, nunca em meios convencionais, isto porque ele carrega muitos sentimentos e histórias.

La Isla de Melinka

Marcelo conta ainda que seu grupo foi fundado em 1977 pelo seu pai, que ao perceber que os jovens indígenas não eram aceitos em outros grupos escoteiros decidiu criar um grupo para eles. Seu pai, ele perdeu durante a pandemia e sente muita falta, foi seu mentor e melhor exemplo. Outra curiosidade que nos conta é que sua aldeia, no inverno, é tomada pela neve tornando o acesso difícil. Durante catástrofes, como a erupção de um vulcão local, os Escoteiros Cruz Del Sur trabalharam no regate de pessoas e corpos nas montanhas, já que as suas maiores habilidades são em rastreio e técnicas de montanha.

Durante a noite na sede em São Luiz, os chefes dos Caetés o cercaram, ouvindo suas histórias, como um tipo de fogo de conselho real, com o chefe indígena contando verbalmente suas lendas e “causos” como ocorria em tempos antigos. Foi uma experiência mística e gratificante poder acolher e conhecer mais sobre sua cultura e vida.

Para acompanhar um pouco de sua trajetória, siga-o em seu instagram @molly123balu

Nota: No segundo dia de sua estadia nesta cidade, durante a manhã, ficamos sinceramente petrificados com um pedido de ajuda de Marcelo. Ocorre que, uma pessoa local que não faz parte do movimento escoteiro, invadiu o terreno de nosso Grupo, agrediu nosso hospede e seu cachorrinho. Ficamos em choque. A polícia foi chamada e seu cachorro levado ao veterinário. Conseguimos um mecânico de bicicletas para verificar e arrumar sua “bike” e seguir viagem. O Grupo Escoteiro Caetés, fez tudo ao seu alcance para demonstrar a hospitalidade escoteira. Agora Marcelo seguirá a Santo Ângelo, depois Ijuí e Panambi, onde será recebido por outros grupos escoteiros.

Siempre Listo!

Um comentário:

  1. El jefe Marcelo y su perro balu, pasaron por Las Toscas, Santa Fe , Argentina el 31 de mayo 2025,
    Siempre listos!

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